sábado, março 06, 2010

tequilha

A Patrícia e a Inês ensinam como se bebe tequila a sério



Nem sempre mas às vezes, pelo menos quando as (boas!) oportunidades me saltam à frente, bebo umas 'tequilas' e bebo mesmo até que todos (todas) os que me rodeiam ficam muito mais lindos (lindas) do que o que na realidade são e as manhãs do dia seguinte me demonstram dolorosamente.

Há bares e há discotecas que não merecem o nome que têm e nem devemos aproximar-nos deles. Explico porquê. Começamos logo pela gritante ausência de gajas boas, pois, como se sabe, há lugares onde a «festa da mangueira» é permanente (quer dizer, só se vêem damas de chicote entre as pernas!) e, portanto, gajas, ou não existem ou são feias de meter medo ao susto, são ranhosas e cheiram mal debaixo dos braços!... Depois temos o problema da 'tequila' propriamente dita (há quem lhe chame «tequilla» com dois «l», mas não é por aí que vem o mal ao mundo nem por tal fica a gaja à borda do prato, perdão, à borda da cama...), sendo que ter em atenção a 'tequila' que se bebe é tão ou mais importante como a maneira como se bebe.

Sim, porque a 'tequila' só sabe a 'tequila', só é 'tequila' e só merece o nome de 'tequila' se:

1º - Se for uma 'tequila' das a sério, quer dizer, própria para gajos e gajas com «tomates» no sítio

2º - Se for bebida de determinada maneira

Começando pelo líquido:

A 'tequila' tem de ser «José Cuervo», por exemplo, similar ou melhor. O que seja abaixo disto é para dar cabo de qualquer gajo com boas intenções e pode até acabar com promissoras relações, porque um gajo no dia seguinte fica «piurso», isto é, com uma disposição pior do que um urso, e toda a gente sabe que um urso não é fácil de assoar.

Uma garrafita José Cuervo anda à roda dos sessenta e tal euros, mas eu aconselho a que sejam generosos e surpreendentes, ao menos por uma vez na vida; isto é, que sejam mesmo homenzinhos a sério e que escolham uma «Reserva La Família» por 400 euros e mais uns trocaditos.

Eleita a garrafa há que eleger em seguida as gajas que nos hão-de acompanhar nesta jornada épica e inolvidável. Não vale escolher as gajas com quem se dorme habitualmente porque isso vai tirar a «pica» toda à experiência e no final não vai dar aquele sabor especial e picante da descoberta, tipo a primeira vez que o Bartolomeu Dias passou o Cabo das Tormentas e depois, justificadamente, todos passaram a designá-lo por Cabo da Boa Esperança.

Ora, se levarmos uma daquelas amigas que não saem da braguilha dos nossos jeans nem à porrada, como é que depois temos coragem para no dia seguinte lhe chamarmos Cabo da Boa Esperança se a nossa esperança é que ela «baze» da nossa vida em definitivo e deixe de nos enviar 517 mil sms/dia e de passar 24 horas a cuscar o nosso msn ou o hi5?!...

Haja tino, haja pestana aberta, porque uma José Cuervo merece que um gajo tenha algum 'feeling' e que num seja camelo com pulgas. O ideal, em definitivo, é não levar ninguém a tiracolo e enfrentar corajosamente o desconhecido (as desconhecidas!) de peito feito e de preferência com o sardão também feito, tipo já assim em adiantado estado de composição, se é que me faço entender.

Corações ao alto, como se ouve dizer nas igrejas.

Os bons bares e as discotecas dignas desse nome (género NB, é claro!) têm matéria-prima até vir o homem-da-fava-rica; e como o homem-da-fava-rica nunca vem, como qualquer adulto esclarecido sabe, podem desde já imaginar o volume de oportunidades que se ergue à frente de qualquer um.

Escolhida a bebida e escolhidas as gajas, há que responder ao angustiante dilema - ou trilema, como acharem melhor:

O que é primeiro?

a gaja?
o sal?
o limão?
a tequila?

Não se deixem iludir, cambada!... Não sejam tóinos!... Há muito e muito bar, muita e muita discoteca que não saberia responder a esta excruciante dúvida!...

É assim e aprendam que eu não duro sempre: primeiro o sal, em seguida a tequila e depois o limão.

O sal, quando entra em contacto com a nossa língua, faz abrir de imediato as papilas gustativas e a acção do limão, no final, é fechá-las, sentindo-se assim a plenitude da tequila. Percebido ou querem isto em banda desenhada e letras muito grandes?!...

E as gajas e as gajas então e as gajas? pergunta a tóinada menos esperta. As gajas, calma, são tão fundamentais para esta experiência como os trapézios para os trapezistas, porque são elas que nos evitam o uso dos copos e nos levam ao uso dos corpos.

As gajas, de preferência, devem estar na horizontal, se quisermos utilizar a concavidade do umbigo ou o vazilhame que lhe fica ligeiramente abaixo. Devem não ter cócegas, mas se tiverem também não é por aí que a porca torce o rabo; quer dizer, a porca até pode torcer o rabo desde que não derrame a tekila antes de um gajo a beber... Algumas discotecas e bares mais «caretas» não deixam as pitas deitarem-se nos balcões, o que significa que é melhor fazer as coisas mais rapidamente do que o olhar dos seguranças, género enquanto o diabo esfrega um olho.

... mas também se pode fazer tudo na descontra, com as gajas em pé, na vertical, tal como documenta a foto de hoje, à cabeça do texto, mais ou menos como as minhas amigas estão a fazer, embora aqui a bebida tenha mesmo de ser deitada em pequenos copos, tipo «shot». Algumas pitadas de sal derramadas por ali abaixo (os 'puristas' exigem que seja no sulco criado pelas tetas das gajas, mas a mim tanto me faz...!), língua quanto baste para abrir as tais de «papilas», «shot» do nuestro hermano Cuervo goela abaixo e logo de pronto a derradeira trincadela no gomo do limão que, de preferência, haverá de estar estrategicamente colocado na boquinha da nossa companheira de folguedos.

Isto é ritual que dura a noitinha inteira e deve fazer-se sem qualquer moderação, a não ser a do bolso, pois, como já devem ter percebido, o sol quando nasce é para todos mas a boa tequila é só para quem tem pais ricos e bons cartões de crédito.

No México, se um dia lá forem, tomem em atenção que os gajos bebem a tequila em copos normais e bebem-na devagarinho, mais ou menos como nós bebemos o vinho do Dão; a tanga do «shot», o 'tá a virar ao repentão, é quase insultuoso para eles e para a sua divinal bebida.

Segundo a Wikipédia, a tequila é uma bebida alcoólica, destilada, originária do México, feita através da destilação do sumo de uma planta da América Central, o Agave Tequilana (também chamado Agave Azul ou Agave Azul de Weber). É produzida em região demarcada pela Lei Mexicana no Estado de Jalisco onde se encontra a pequena povoação de Tequila, que lhe deu o nome, e onde se concentram os principais produtores. Fortemente aromática, a bebida apresenta diferentes graus de cor, sabor e aroma conforme o tempo de envelhecimento sendo designada por tequila Blanco, Joven, Reposado, Añejo e Extra Añejo em ordem crescente do tempo de maturação.

O Agave Azul é uma planta semelhante a um sisal gigante e só se desenvolve em terrenos de solo vulcânico e clima árido. São precisos de 8 a 10 anos até poder considerar-se pronto para a produção.

São necessários 7 quilos de Agave para a produção de 1 litro de tequila.



ps:

Não é bonito usar a mesma garrafa com a mesma gaja: primeiro porque é um desperdício; segundo, porque depois de muito lambida ela tende a ficar demasiado pegajosa, tipo rasto de caracol; e terceiro, que raio!, um gajo ou as lambe a todas ou então também não merece a tequila que bebe.


em tempo:

Amanhã, se se portarem bem, vamos falar de caipirinhas, caipiroscas e etc... E, tchan tchan tchan, vou ensinar a fazer e a beber uma variante da caipirinha que eu inventei, a caipicona. O marketing já está pensado e tudo: «Caipicona é a bebida que lhes vai arrepiar a... espinha». Fixe, não concordam?



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