quarta-feira, outubro 12, 2011

águas-furtadas

Nunca entendi bem o porquê de lhes chamarem águas-furtadas. Quer dizer: sei o significado, mas também sei que podíamos chamar-lhe um outro qualquer nome bem mais simpático e menos conotado com a ladroagem e com a marginalidade dos costumes...

As águas-furtadas são quase todas simpáticas e se dantes eram um uso exclusivo das velhinhas viúvas e solitárias, rodeadas de 517 mil gatos vadios, hoje estão a ser descobertas e açambarcadas pela malta nova que descobriu a poesia no alto dos prédios citadinos e querem uma renda mais perto de céus pacíficos e deslumbrantemente estrelados.

A minha amiga Marta mudou-se recentemente para umas águas-furtadas minúsculas, claustrofóbicas até, e deixou para trás o espaçoso e confortável quarto da casa de seus pais.

Na semana passada, depois de uns copos e uns fumos, quando lhe perguntei o porquê da mudança, disse-me exactamente que a intenção era ficar mais perto das estrelas. E acrescentou, matreira: ainda agora, quando me beijaste, não viste as estrelas à nossa volta?!...







A Marta, nas suas novas Águas-furtadas, ali na zona do Politécnico

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