paixões do arco-da-velha

Venus and Cupid, Folly and Time, Bronzino, 1545

António Pereira, tio do Padre Rui Pereira - o que fugiu para abraçar o amor de Fátima Silva, uma jovem paroquiana de 18 anos - disse ao CM que está esperançado em que ele volte a qualquer momento, «para passar o Natal com a família».

«Venha ele quando vier, para nós, a família, ele é sempre bem-vindo e é sempre o mesmo Rui», acrescentou.

Tudo aconteceu, de modo inusitado, no pretérito dia 16, quando o pároco de Celorico de Basto (Braga), telefonou para a madrinha e mãe de acolhimento da Fátima e disparou:

- "Dona Laurinda, vou directo ao assunto, sem rodeios: estou apaixonado pela Fátima e decidi que vou viver com ela. Quero dizer-lhe também que já não sou padre."

Dito isto, Rui Pereira, de 26 anos, abalou com a miúda e mais ninguém lhe pôs a vista em cima.

João Machado, sexagenário, que só tem a dizer «maravilhas» do padre, tenta explicar ao CM a sua visão do sucedido:

- 'Isto foi uma coisa rápida. Ela acabou-lhe com a vocação em menos de dois meses', refere, aludindo ao facto de a rapariga, em Outubro último, ter passado a ajudar o Rui em algumas tarefas, nomeadamente em trabalhos de escritório e de limpeza da residência paroquial.

Outra paroquiana, Maria de Fátima Sousa, mostrou-se algo revoltada, mas não deixa de perdoar o sacerdote. E também tem a sua explicação para o sucedido:

- «Nos tempos que correm, elas metem-se-lhes pelos olhos dentro».

O que fica por explicar

Fica por determinar há quanto tempo durava a relação «proibida» do Rui com a Fátima. Parece não se estar a dar grande importância a este facto, mas a verdade é que o relacionamento entre os dois terá começado ainda antes de a rapariga ter completado os 18 anos, celebrados no dia anterior à fuga.

Reflexão

1. Não vai dar certo.

2. Não acredito que alguma Igreja católica os venha a casar.

3. Não acredito que possam fazer vida em Celorico de Basto ou por lá perto.

4. Quando o frémito do «fruto proibido» passar, e passa rápido; quando a moçoila der conta de que já não está a abrir as pernas a um padre mas sim a um gajo igual a todos os outros; e quando se acabar o guito da sacristia, a narta dos fiéis, e os dois tiverem de ir à procura de emprego para subsistirem... bom, nessa altura eu penso que tanto um como o outro vão «torcer a orelha» e o tal amor inicial vai fraquejar como fraquejam - inexoravelmente fraquejam -todos os amores que nascem indevidamente, sem siso e sem olhar às realidades.

5. Deus queira que eu me engane, como diz o nosso povo. Não os aplaudo mas também não lhes desejo mal algum.