sábado, dezembro 05, 2009

não matem as namoradas (II)

Primeiro de tudo haverá de dizer-se que este homem tem 73 anos, idade mais que suficiente para ter juízo.

Não teve: ontem, perto das 18h, com dois tiros, assassinou o filho da sua ex-namorada, Ana Maria, de 60 anos.

A tragédia passou-se no Bombarral (Lisboa), no parque de estacionamento do Mini-Preço.

Paulo Lopes, de 39 anos, a pedido da sua mãe, tinha ido esperá-la àquela superfície comercial, e isso porque ela andava a ser perseguida pelo ex-namorado e sentia medo dessa perseguição.

A vítima foi atingida no pescoço quando tentava proteger a sua mãe. As suas últimas palavras foram: «Desaparece da nossa vida, vai-te embora!»

O assassino é empresário e já tinha terminado a sua relação amorosa há um ano.

Em choque, Ana Maria só conseguia articular: «Ele morreu para salvar a Mãe».



Reflexão:

Lamentavelmente, muitos destes casos - muitos mesmo! - acontecem por as vítimas saberem de antemão que não são protegidas por quem de direito.

Todos nós sabemos que uma queixa do género «ele anda-me a perseguir» ou «ele já ameaçou que me mata», é recebida pela PSP ou GNR com uma insensibilidade atroz, do tipo, «não podemos fazer nada».

Lamentavelmente, as nossas autoridades só podem «fazer alguma coisa» quando aquilo de que temos medo acontece realmente; isto é, quando as pessoas vão parar ao hospital ou à morgue, devido à fúria assassina dos que confundem amor com sentido de posse ou algo parecido e de explicação nunca fácil.

Pode-se pedir ao tribunal uma «ordem restritiva». Pode, é claro. Mas... quem neste país gosta de andar em tribunais, quem tem dinheiro para isso e, mais grave, quem acredita na rapidez dos juízes na aplicação da justiça?

As pessoas vão à PSP ou à GNR e queixam-se e mais nada. Cuidam-se protegidas, sem perceberem que é mais um papel incómodo para o monte de tantos outros papeis incómodos que por lá existem.

Morrem no dia seguinte.

A queixa, o tal papel incómodo, deixa de incomodar e vai para o arquivo dos «casos resolvidos», aumentando as estatísticas que contam para a avaliação do desempenho das nossas forças de segurança.

Pode?!















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