terça-feira, outubro 27, 2009

intertextualidades







"Há um intervalo de tempo onde o desconcerto é um aluvião inesperado e tudo se torna outro alimentando o movimento do eixo que roda, da cruz faz carrocel, à transgressão concede a intimidade estimada e à letra dá o encarnado tom de carnação, vestígio de intumescência, investigação da dimensão."

- Li isto no 'Brevitas' do meu considerado Paulo Neto, mas não sei porquê só me vêm gajas à memória...




SUBURB’ANAL

Levei já, na e da vida, tanto pontapé no traseiro,
que passei a usar atacadores no dito.
E é assim, suponho, que está bem.

Nos subúrbios cresce a cogumelaria empreiteira.
Casalinhos utilitários canarinham em tê-zeros.
Há pizzarias que napolitanam imitações fatiadas.
A vida suburbana desassoalha-se a si mesma.
A rapaziada divorcia-se p’ra casar com outras gajas iguais
às anteriores, o mais é mudarem de zeros e de tês e de tus.

Também já escoicinhei o cu à vida, olha quem.
Não sou gajo de me ficar: é da efemeridade,
efémero nome da eternidade de que sou capaz.

Já ninguém oferece lírios ao próprio corpo.
O corpo gostaria de recebê-los, mas já ninguém.
Há bebés que parecem lâmpadas, não há? Sim.
Gosto de ver a comida nos mostradores das tabernas.
Já me aconteceu ouvir música em olhos.
À noite, gosto de ir à pizzaria canarinhar a vida.



Desassossego:
Também li isto aqui no Canil do Daniel Abrunheiro e também só me vêm gajas à imaginação.

Questiono-me na minha inocência: será que ando a desafiar a loucura ou é ela que me vem desafiar a mim? e será que eu aceito o desafio ou encolho os ombros e vou embora?!




Sem comentários: