quinta-feira, outubro 25, 2007

quanto é que ganhas à hora?

- Papá, Papá - grita o miúdo em alvoroço - posso fazer-te uma pergunta?
- Claro que sim. O que é?
- Quanto ganhas numa hora?
- Isso não é da tua conta. Porque me perguntas isso?! - o Pai, realmente zangado.
- Só para saber. Por favor... diz lá... quanto ganhas numa hora? - insiste o filho.
- Bom... já que queres tanto saber, ganho 10 euros à hora.
- Oh!... - suspirou o rapazinho, tristíssimo e baixando a cabeça.

Passado um pouco, olhando nos olhos do Pai, perguntou:

- Papá, emprestas-me 5 euros?

O pai, furioso, respondeu:

-Se a razão de tu me teres perguntado quanto ganho à hora, foi para me pedires dinheiro para brinquedos ou outro disparate qualquer, a resposta é não!... E, de castigo, vais já para a cama. Vai e pensa no menino egoísta que estás a ser. A minha vida de trabalho é dura demais para eu perder tempo com os teus caprichos e as tuas brincadeiras!...

O miúdo, cabisbaixo, dirigiu-se com lágrimas nos olhos para o seu quarto e fechou a porta.

Na sala, o Pai ficou a pensar sobre o comportamento do filho e ainda se irritou mais. Como se atrevia ele a fazer-lhe perguntas daquelas? Como é que, ainda tão novo, já se preocupava em arranjar dinheiro? E para quê?

Passada mais ou menos uma hora, já mais calmo, o homem começou a ficar com remorsos da sua reacção. Talvez o filho precisasse mesmo de comprar qualquer coisa com os 5 euros que lhe tinha pedido. Afinal, nem era costume o miúdo pedir-lhe dinheiro. Dirigiu-se ao quarto do filho e abriu devagarinho a porta.

- Já estás a dormir, filhote? - perguntou.

- Não, Papá, ainda estou acordado.

- Estive cá a pensar... Talvez tenha sido severo demais contigo... Tive um longo e exaustivo dia e acabei por me descontrolar contigo. Toma lá os 5 euros que me pediste e não se fala mais nisso...

O rapazinho endireitou-se imediatamente na cama e sorriu com aqueles seus olhos enormes e brilhantes:

- Oh, papá! Obrigado! Muito obrigado, Papá!...

E levantando a almofada, pegou num frasco cheio de moedas.

O Pai ficou surpreso ao ver que o miúdo, afinal, tinha dinheiro em seu poder... e começou novamente a ficar zangado.

O filho, sem ligar a mais nada, conta uma por uma todas as moedas que vinha amealhando...

- Para que me pediste os cinco euros se afinal já tinhas aí dinheiro?!... - berra o Pai.

- Porque eu não tinha o suficiente... - responde o miúdo, olhos nos olhos, e muito entusiasmado. Mas agora eu já tenho 10 euros!... Agora eu já posso comprar uma hora do teu tempo... Posso, não posso, Papá? Por favor, toma todo o meu dinheiro!... Eu só quero que tu venhas uma hora mais cedo amanhã... Gostava tanto de jantar contigo, Papá...

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