cidade santa

A minha falecida namorada, junto a um monte de palha,
o que não é de admirar porque ela sempre foi um tanto bovina...

O ano passado fui de férias a Jerusalém e levei a miúda com quem estava a viver na altura.

Passámos quinze dias de maravilha, visitando todos aqueles lugares fabulosos e de que já tínhamos ouvido falar, mas, na altura do regresso, a tragédia substituiu a alegria das férias e a miúda faleceu esmigalhada debaixo de um autocarro.

Contactei de imediato um Agente funerário indígena que me informou dos custos para tresladar o corpo da minha namorada:15.000€.

Cocei demoradamente a minha barba, pois não era, de todo, expectável, desembolsar tal quantia, depois dos gastos astronómicos das férias...

O 'gato-pingado' (em frança chamam-lhe 'croque-mort'), com aprumo e muita delicadeza, ao ver a minha cara aparvalhada acrescentou que eu gastaria apenas 150 euros se optasse por enterrar a defunta lá na Terra Santa. É uma opção sensata, acrescentou.

- Ná, ná ná!... disse eu, mesmo sem reflectir!... vamos tratar da trasladação para Portugal e não se fala mais nisso!...

O agente funerário, surpreso com a minha decisão, comentou baixinho:

- Compreendo! o senhor deveria adorá-la, pois não?!... E contudo, uma diferença tão abismal... está a ver, de 150 para 15 mil euros...! E depois, repare, far-se-ía aqui o funeral na Cidade Santa!...

- Olhe, retorqui eu, há mais de 2.000 anos, houve um gajo que morreu aqui, foi enterrado aqui e três dias depois ressuscitou. Você acha que eu, por causa de uns míseros euros, vou correr esse risco?!...