terça-feira, abril 10, 2012

habeas pinho (II)



Por sua vez, o Juíz Roberto Pessoa de Sousa, emitiu o competente «despacho», imitando com toda a graça o modo usado pelo «requerente»  poeta Ronaldo Cunha Lima – o verso popular – e «soltando» o violão que esteve na base de toda a «estória».


OBS:
Em reflexão, muito pessoal, o que posso dizer é que os Juízes devem sempre seguir as Leis, mas, devem segui-las com o coração – e isso, infelizmente, não acontece com a frequência que desejaríamos.

Acho bonito o sábio e superior acto do Juíz, aqui, e mais bonito quando ele, solidário, hospitaleiro, escreve «noite de luz, plena madrugada/venha tocar à porta do Juíz».

Há coisas que mexem com a sensibilidade dos Homens e essa sensibilidade, que soa mais alto e mais harmoniosamente que as cordas de um violão, num Polícia ou num Juíz, seja em quem for, não pode nem deve ser pisoteada por Leis simplesmente desumanas.

A Justiça deixa de ser Justiça quando, por via da Lei, esquece a Humanidade do ser humano.



Recebo a petição escrita em verso 
E, despachando-a sem autuação,  
Verbero o ato vil, rude e perverso,  
Que prende, no Cartório, um violão. 
  
Emudecer a prima e o bordão, 
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso, 
É desumana e vil destruiçã
De tudo que há de belo no universo. 
  
Que seja Sol, ainda que a desoras, 
E volte á rua, em vida transviada,  
Num esbanjar de lágrimas sonoras.  
  
Se grato for, acaso ao que lhe fiz, 
Noite de luz, plena madrugada,  
Venha tocar á porta do Juiz.




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