quarta-feira, dezembro 07, 2011

madalena

Há uns dias que ando a ler umas coisas de Friedrich Hebbel (1813-1863) e Ludwig Thoma (1867-1921, sobretudo as partes que incidem no drama de Maria Madalena, aquela mulher que nos tempos de Cristo passou, num ápice, de mulher-puta a mulher-santa (afinal, não serão todas as putas de todos os tempos umas santas?!


Perfeitamente desconhecida, Madalena (Magdalena, por ser de Magdala) aparece-nos pela primeira vez nos Evangelhos quando é colocada frente a Jesus Cristo, no famoso Monte das Oliveiras, para que ele sancione o castigo adequado ao crime cometido (João 8).


O crime era o «comércio do sexo» e o castigo era a lapidação.


Pouco depois é a mesma Madalena, mas já «arrependida», que chora prostrada junto do seu Senhor e lhe lava os pés com as próprias lágrimas e os enxuga com os próprios cabelos, numa tocante demonstração de amor puro e inigualável.


Não sei... Às vezes ponho-me a pensar o que teria sido da minha vida se uma Madalena qualquer, num dia qualquer, me tivesse assim lavado os pés com as lágrimas e enxugado com os cabelos...!


Em todos os tempos houveram mulheres que nas alturas próprias souberam ser grandes e tornar grandes os seus Homens. O Rei Salomão, quando perdido e afastado da face de Deus, só voltou a encontrar a sua identidade depois da Esposa ter achado na barriga de um peixe o anel que estava perdido e que simbolizava a sua força, a sua aliança com Deus.


Não sei mesmo...! Ou Cristo ou Salomão ou até aquele Rei Visigodo acho que do século XI, de imenso poder e riqueza, acho que poderia ser qualquer um se tivesse aparecido uma Madalena a lavar-me os pés com lágrimas e a enxugá-los com os cabelos.


As Madalenas de hoje ou estão nas montras das pastelarias ou são balconistas no Palácio do Gelo, não têm tempo para confabulações e mesmo antes da «estória» acabar já foram embora e nem a cama fizeram. 


Por essas e por outras, sei muito mais de madalenas-putas que de Madalenas-arrependidas, e, também por isso, nunca serei nem Cristo nem Salomão nem Rei Visigodo...








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