Foi desastroso...
Minha performance sexual havia caído bastante...
Nem tanto pela idade, mas, pelas dificuldades de relacionamento matrimonial somadas a inúmeros problemas pelos quais eu passava. (???!!!)
Semana passada, resolvi experimentar o tal do "Viagra".
Mas... que vergonha de comprar o medicamento...
Reconhecer, publicamente, que tava brochando. Vergonha!!! Desgraça!!!
Mas, eu queria experimentar!...
E ninguém poderia saber. Ninguém.
Mas, como fazer com o farmacêutico?
Alguém iria saber. No mínimo, uma pessoa. No mínimo, não. Uma só pessoa, pelo amor de Deus! O farmacêutico.
Onde comprar? Em outra cidade, onde ninguém me conhecesse? Isso seria o ideal. Mas estava sem nenhuma viagem agendada. Teria que ser na minha cidade.
Claro que numa farmácia em bairro que, absolutamente, ninguém me conhecesse.
Por alguns dias, fiquei imaginando uma farmácia "ideal".
Ideal... Ideal... Ideal.. Para isso????????...
Enfim, descolei uma. Por sinal, "Farmácia Ideal"!...
Restava, agora, escolher o perfil do vendedor.
Uma vendedora seria melhor. NÃO!!! Nem pensar!
Eu não iria entregar os pontos confirmando que tava em baixa.
NÃO !!!!!!!!!!
Um homem, então. Dedução lógica.
Mas... reconhecer pra um concorrente que eu tinha abdicado das funções?
DESGRAÇA!!!!!!!!!!!!!!!
As duas opções eram ruins.
Parecia que o atendimento por homem seria menos traumático.
Se tivesse um vendedor de uns 80 anos seria o ideal. Ele já conhecia o problema. Se ele fosse discreto , melhor ainda.
Seria como ir comprar um medicamento pra alergia e chegar lá o vendedor ser alérgico. O cara conhece tudo!!!
Já pensou comprar de um garotão?:
- Tá aqui o levanta morto, tio!
NÃO!!!!!!! Nem pensar!!!
Mas, onde achar o bom velhinho vendedor de Viagra?
Escolhida a farmácia, cheguei lá durante a manhã, quando, supostamente, haveria menos movimento.
Que nada!... Várias pessoas na farmácia.
Será que entro???
Entrei!!!
Veio uma gatona me atender.
- Pois não, me disse.
- Estou vendo "uns sabonetes", respondi.
E fiquei circulando na farmácia, envergonhado - cabeça baixa - procurando o bom velhinho. E cadê o homem?
NÃO EXISTIA!!! SÓ NA MINHA IMAGINAÇÃO!...
Continuei circulando. Uma outra senhora balconista. Não! Não!!! Mulher não!
Tinha um cara de uns quarenta anos. Parecia o indicado.
Fui até ele. Quando eu chegava ao balcão, vem uma senhora de uns quarenta anos e me diz, à queima roupa:
- Pois não, senhor.
Pô... a palavra "senhor" já pressupunha que sou velho.
Diabo. E agora? Pedia ou não pedia???
Comecei pedindo um AAS adulto, que sempre preciso em casa.
Ela trouxe o AAS. Bem discreta!... E agora? Pedia ou não?
Pedi um Pepsamar - que uso sempre.
Ela trouxe o Pepsamar. Discretamente.
Puta merda!!! Pedia ou não????
Me encorajei, reunindo todas as forças, e com uma voz sussurrada, como que vindo do fundo de um túmulo, sussurrei:
- Ah....e um Viagra. O Ah era pra dar idéia que tinha me lembrado naquele momento. Que original!...
Senti que avermelhei...
A balconista me olhou. Levantou a sobrancelha. Só a esquerda.
Me olhou como quem diz: - Brochando, véio?
Eu não sabia se olhava pra ela ou pro chão! Tremia todinho!!!
Os minutos não passavam. Digo, os segundos não passavam.
E a balconista me olhando, como a dizer:
- Velho Safado!!! Ainda quer foder, é?
Que aflição... Mas a sorte já estava lançada.
Não é que nesse momento, olho ao lado e vejo um amigo meu, médico, acompanhado da esposa. Gente conservadora. Evangélicos.
Me abraçaram efusivamente. Me pegaram com a boca na botija.
TAVA FODIDO !!!
- Tá doente? Me disse o médico.
- Não, só umas aspirinas, respondi.
Eu suava inteirinho!!!
E eles não saiam dali. Que merda! Ai... o meu tão suado "Viagra". Que desgraça! Se o tempo voltasse, eu NUNCA teria entrado naquela farmácia. E a balconista nos olhando, com aquela cara de vitoriosa.
Diaba!!!
E um outro balconista ao lado, olhando como se soubesse de tudo e também como se não soubesse de nada.
Eu já nem sabia o que cada um sabia.
Nisso, a balconista berrou pro outro balconista:
- Já chegou o Viagra??? Ontem não tinha!!!
Acho que a farmácia inteira escutou. Eu queria chorar. De raiva.
Uma semana depois ainda ressoa na minha cabeça: -"Já chegou o Viagra?" - "Já chegou o Viagra?" (E ainda faz eco...)
O balconista me olha e diz:
- Temos um similar, que é como se fosse um Viagra Turbo.
Viagra Turbo! Puta merda!!!
A mulher do meu amigo que estava na farmácia, avermelha.
Também... acho que fazem alguns anos que não transam... Empurrou meu amigo, discretamente, e me disseram:
- Até já!...
A coisa não podia estar pior.
Daí, o segundo vendedor me diz, bem alto
- Nunca usou esse similar do Viagra? É o bicho!!!
Um pouco mais caro, mas, o efeito é de 36 horas.
Como se eu fosse um garoto de programa, que precisasse de desempenho total.
Eu achei que fosse desmaiar de tanto mal estar.
- Deixe estar... eu falei.
- Não, não, disse a vendedora.
E gritou pra um vendedor do final do balcão:
- Tem Viagra ou não, Jair????????
- Pra quem é o Viagra, diz o Jair? Será que tinham que pronunciar a palavra Viagra sempre?
- Pra esse senhor aqui, Jair, diz a diaba. E aponta com a cabeça em minha direção. E que outra direção poderia ser?
- O senhor chegue aqui, diz o Jair.
E a mulher do meu amigo médico, ali por perto, como se não tivesse escutando nada, mas acompanhando tudo. Aquela cadela. Azar é pra quem tem. Acredito que ela ali da farmácia, via celular, já fazia a notícia circular no bairro: o Dico não fode mais.
- Fui até o Jair, como o maior pecador chegando até São Pedro, o que faz os julgamentos na entrada do céu.
O Jair lazarento me olhou como quem diz: - Muito bem, seu broxa!
- O senhor quer embalagem com quantos?
- Com quantos tiver.......sussurei, meio gaguejando. Eu queria era ir embora. Que o chão se abrisse. Nem que eu não fodesse nunca mais!!!!!!!!!!!!!
Se eu tivesse imaginado o pior, não seria tão ruim quanto foi.
Peguei o Viagra com o Jair lazarento e voltei até a diaba.
- Que bom que tinha, diz a diaba. Como se eu fosse transar com ela.
Aquela bruxa!!! Eu ia precisar da cartela inteira com ela. Aliás nem com a cartela inteira.
Peguei a nota e saí em direção ao caixa.
E o médico meu amigo, grita:
- Até mais, Dico.
A mulher dele não levantou a cabeça, continuou olhando uns sabonetes... como eu... Mas, pensando no Viagra... como eu!!!! Aquela véia!!!
QUE TRAGÉDIA!!!!!!!!!!!!
Mas......... o medicamento foi o bicho!!! Sem dúvida!!!!!!!!
Uma semana depois, vi que tinha feito uma besteira.
Eu tinha que ter comprado várias cartelas. Agora eu tinha que recomeçar tudo. E por onde? Voltar lá com a diaba e com o Jair lazarento? Nunca.
Mas por outro lado, eles já me conheciam. Seria como que um segredo profissional. Melhor do que ir em outra farmácia e a notícia se alastrar.
É, tive que começar tudo de novo.
Hoje pela manhã voltei à farmácia do Jair lazarento e da Diaba, a Farmácia Ideal. Ideal o cacete.
Puto da vida!!!!!!!!!!
Não é que quando chego lá no balcão dos fundos, vem aquela esposa do meu amigo médico, (tavam lá de novo!) me olha e, antes de me dar bom dia, me diz:
- Voltou aqui de novo, é??? Tem alguém doente na família???
Cadela. Vagagunda. Feia. Véia. Vó. Miss Inferno.
Fiquei vermelho, olhei pro balcão e vi o Jair Lazarento e a Diaba.
Essa, meio que sorrindo, como quem diz:
- O Brocha voltou!!! Gostou da festa!!!...
Filhos da puta!!!
Nem vou contar o resto.
Mas sofri tudo, tudo, de novo!!!!!!!!!!!!!!
(Luis Fernando Veríssimo)
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